quarta-feira, julho 20, 2011

Quando o espelho mente


Um novo distúrbio alimentar pode agravar ainda mais o avanço da obesidade no planeta: a gordorexia


Todos conhecem a anorexia, distúrbio alimentar que faz com que as pessoas se olhem no espelho e se enxerguem sempre gordas ou acima do peso.

A anorexia pode levar à morte. Um distúrbio semelhante, mas com sintomas opostos, começa a chamar a atenção dos médicos: a “gordorexia”, transtorno no qual a pessoa está acima do peso, mas quando se olha no espelho se acha magra.

 “Conheço pessoas com esse distúrbio. Na maioria das vezes chegam aos consultórios (dos nutrólogos e nutricionistas) já encaminhadas por psiquiatras ou familiares. Isso tem que ser tratado com terapia, mudança do estilo de vida, ginástica e dieta”, diz o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, em São Paulo.

Embora com 30 quilos a mais do que o recomendado, a britânica Sara Bird, de 44 anos, descobriu que era gorda apenas há 5 anos. Em uma consulta, foi advertida do excesso de peso e que a saúde poderia se comprometer se não começasse a controlar a silhueta. Sara não se percebia gorda.

Ela foi a primeira a nomear o distúrbio como “fatorexia”, que vem da palavra “fat” (gordo, em inglês, por isso na tradução para o português é chamado de “gordorexia”). Neste ano, lançou o livro “Fatorexia: What do you see when you look in the mirror?” (“Gordorexia: O que você vê quando se olha no espelho?”, em tradução livre), ainda não publicado no Brasil. “Levei um susto quando o médico me disse que eu estava obesa. Para mim, obeso era alguém relaxado, que não se cuidava, sem educação alimentar, e eu não era assim.

“Até olhei para a sala para ver se não havia entrado alguém com quem o médico estivesse falando”, declarou ao jornal inglês “Daily Mail”.

OBESIDADE

Desde 1991 a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a obesidade uma doença. De acordo com o último relatório da entidade, publicado no começo deste ano, 1,5 bilhão de pessoas sofrerão do mal em 2015.

Sara, que estava doente e não sabia, conta ainda que demorou para acreditar no médico. Hoje tomou consciência e passou a comer direito.

“Admitir a ‘gordorexia’ é como um alcoólatra admitir o vício. Desde que aceitei que sou doente, já perdi peso. Ainda sou gorda e provavelmente sempre serei.

“Falar sobre ‘gordorexia’ não é promover a obesidade, mas sim deixar claro que ter o distúrbio não é desculpa para ser gordo”, finaliza. (A.M.)

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